segunda-feira, 19 de julho de 2010

Petrobras anuncia estudo para pólo gás-químico no Espírito Santo


O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, anunciou nesta quinta-feira que a empresa estuda a construção de um pólo gás-químico no Estado do Espírito Santo para utilizar a produção de gás natural da região.

"Nós estamos desenvolvendo projetos, que estão ainda em fase de projetos, mas se tornarão realidade dentro em breve... para desenvolver a química do gás natural... para produzir produtos químicos no Estado do Espírito Santo", disse Gabrielli, após ser incentivado a fazer o anúncio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os dois participaram nesta quinta-feira da cerimônia que marcou o início da produção comercial na camada pré-sal do Espírito Santo, no campo de Baleia Franca, que vai produzir inicialmente 13 mil barris diários de óleo leve (28 graus API) e atingir 100 mil barris no final do ano.

Esta é a primeira produção comercial na camada pré-sal do país, que tem na bacia do Espírito Santo uma situação diferente da encontrada na bacia de Santos, onde estão os maiores reservatórios. Enquanto a camada de sal capixaba é de cerca de 100 metros, na bacia de Santos chega a dois quilômetros.

"Fomos informados pelo Gabrielli hoje que há uma discussão interna na empresa sobre a localização de um pólo petroquímico de gás aqui, e queremos agregar valor ao gás", disse o governador de Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB).

"O presidente Gabrielli ficou de me convidar para ir ao Rio [de Janeiro] para continuar esse debate, que é um tema de um protocolo que assinei com a Petrobras, um tempo atrás", completou.

Hartung explicou que as negociações com a empresa eram para construção de uma fábrica de fertilizantes, mas que no meio das conversas surgiu a oportunidade de um pólo gás-quimico no Estado, bem mais amplo.

"No meio da negociação veio a solução de um pólo gás- químico, já está no plano de investimentos da Petrobras, estão no PAC 2, e agora foi anunciado publicamente por Gabrielli e reforçado pelo presidente Lula", afirmou Hartung.

Lula também tocou no assunto.

"A indústria naval já está se recuperando rapidamente, a indústria petroquímica já está implantando vários pólos e o presidente da Petrobras acaba de anunciar que o Espirito Santo vai ter um pólo petroquimico", disse o presidente.

Hartung informou que a localização do novo pólo deverá ser próxima à Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas, em Linhares.

"O Espírito Santo está a caminho dos 500 mil barris por dia nos próximos anos. A gente quer fornecer gás para o Brasil, mas não quer ser meramente fornecedor de matéria prima, queremos agregar valor e dar oportunidades para os capixabas", avaliou o governador.

O Espírito Santo é o segundo maior produtor de petróleo no país com 165 mil barris diários de petróleo e 5 milhões de metros cúbicos de gás.

ROYALTIES

Durante o evento, Lula voltou a afirmar que não é a favor da discussão sobre a divisão dos royalties entre os Estados em ano de eleições. Hartung, junto com o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, defendem a manutenção dos royalties apenas para os Estados produtores.

"Eu até não queria que a discussão sobre os royalties entrasse em discussão no Congresso Nacional, porque estamos num ano eleitoral, e no ano eleitoral todo mundo quer fazer benefício para todo mundo", disse Lula.

A matéria sobre a divisão dos royalties está na Câmara dos deputados, mas a previsão é de que seja discutida após as eleições de outubro. O texto também trata da mudança no sistema de exploração para o regime de partilha.

O presidente lembrou que o projeto de royalties enviado ao Congresso Nacional foi fruto de um acordo com governadores. A proposta, no entanto, foi alterada na Câmara dos deputados, por uma emenda que estabeleceu a divisão dos royalties igualmente entre Estados produtores e os não produtores. O Senado manteve a mudança, mas fez alterações no projeto que inclui a partilha, obrigando a proposta a voltar para a Câmara.

"Nós fizemos um acordo, esse acordo foi rompido na votação da Câmara dos Deputados. Depois foi rompido no Senado... Eu tenho consciência de que o acordo que nós tínhamos feito era a melhor solução para a questão do petróleo", afirmou Lula.

O presidente referiu-se ainda ao vazamento ocorrido em abril no golfo do México, nos Estados Unidos, em um poço da BP, ao falar sobre o início da exploração comercial do pré-sal no Brasil.

"Aquilo, segundo o companheiro Estrella [diretor da Petrobras, Guilherme Estrella], não foi acidente, foi um desastre. Não é o caso que vai acontecer com a Petrobras", afirmou.

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