sábado, 12 de abril de 2014

Gás natural se consolida como pilar estratégico da economia de países da América do Sul

Bolívia exportou cerca de 31,15 milhões de metros cúbicos (MMmcd) de gás natural para o Brasil. No Peru, insumo ganha lugar na matriz energética. O setor de hidrocarbonetos da Bolívia, além de ser um dos mais dinâmicos da América Latina, tanto por sua contribuição para o PIB, quanto para o volume de exportações, também representa um recurso natural de gestão estratégica para o país. E não é somente na Bolívia que a utilização do gás natural no setor energético tem atraído investimentos e olhares de governos e da indústria. No Peru, por exemplo, a demanda pelo insumo quintuplicou em dez anos.

 A Bolívia faturou US$ 6,059 bilhões pela venda de gás natural em 2013 para a Argentina e o Brasil, seus dois principais mercados, segundo dados da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). O resultado superou em 11,9% o de 2012, e mostra porque a renda proveniente da exportação do gás natural é o pilar da economia boliviana.

 Enquanto o óleo produzido na Bolívia é destinado ao consumo do mercado interno, o Gasoduto Bolívia Brasil, em operação desde 1999, viabiliza a exportação de volumes significativos de gás através do Contrato de Compra e Venda de Gás Natural (GSA, na sigla em inglês). "Este gasoduto representa o elo de integração econômica mais importante para os dois países e constitui um fator de complemento energético, representando mais de 50% do volume produzido pela Bolívia e cerca de 65% do gás natural importado pelo Brasil", explica o diretor de Regulação Econômica da Agência Nacional de Hidrocarburos da Bolívia, Edwin Merida Calvimontes.

 O Peru também tem se destacado no setor energético. Combustíveis mais caros e mais poluidores como a gasolina e o diesel têm sido substituídos pelo gás natural, que ganha cada vez mais espaço na matriz energética do país. Desde o início do projeto Camisea, em 2003, cujo objetivo é extrair gás natural de diversas fontes da zona central do país, a participação do insumo na demanda de hidrocarbonetos passou de 7% para 35%, em 2013.

 Para o diretor geral de Hidrocarbonetos do Ministério de Minas e Energia do Peru, Juan Israel Ortiz Guevara, Brasil e Peru poderiam contrastar suas experiências e unir esforços em questões pertinentes como a regulação tarifária, gestão do setor de gás natural, tecnologia de GNL (gás natural liquefeito) e programas de massificação do uso do insumo. "A indústria brasileira de gás natural tem conseguido avançar bastante, tanto no sentido de aumentar suas reservas, como em sua produção, considerando o abastecimento por fontes internas e externas", afirma.

 Visões políticas, econômicas e relativas ao desenvolvimento do setor gás natural na Bolívia, no Peru e na América Latina integram a pauta de discussões da 11ª edição do Gas Summit Latin America, que acontece entre os dias 13 e 15 de maio, no Hotel Windsor, no Rio de Janeiro.  Guevara e Calvimontes concordam que o evento permite o compartilhamento de experiências de diferentes políticas energéticas adotadas nos países da América Latina. "Com base nas conclusões do evento, poderemos avaliar nossas políticas atuais e identificar estratégias para nos ajudar a gerir o mercado atual, além de prever suas consequências futuras", finaliza Calvimontes.