sábado, 23 de julho de 2011

Petrobras anuncia plano de investimentos quinquenal de US$ 224 bilhões para agradar mercado e governo


A Petrobras lançou um novo plano de investimentos de US$ 224,7 bilhões para os próximos cinco anos que busca elevar a rentabilidade da empresa, aumentando os gastos em exploração de petróleo, mas que mantém o valor global praticamente inalterado ante o programa anterior.
O plano foi feito sob encomenda para agradar o mercado e o governo, sobretudo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que pediu reiteradas vezes que a Petrobras fizesse um programa de investimentos "mais realistas e sem excessos".

De um lado, a empresa mostrou que reduziu os gastos com refino, segmento com margem apertada de lucro, e aumentou os investimentos em exploração e produção. De outro, manteve o valor próximo ao plano anterior, reduzindo a necessidade de aumento no preço de seus principais produtos, gasolina e diesel, que vem impactando a inflação.

A área de Exploração e Produção (E&P) vai receber US$ 127,5 bilhões no período de 2011 a 2015, ante US$ 118,8 bilhões previstos no plano anterior. Já o setor de Refino, Comercialização e Transporte (RTC) terá US$ 70,6 bilhões, contra US$ 73,6 bilhões no programa passado. A Petrobras traçou no plano metas específicas de redução de investimentos em refinarias, mas ainda não deu detalhes.

"Se boa parte (do plano) for para o upstream (exploração e produção) vai ter recepção positiva, e se tiver redução de investimentos em refinarias pode trazer ânimo para os papéis", disse à Reuters o analista Andrés Kikuchi, da Link Investimentos, antes do anúncio do plano, referindo-se às debilitadas ações da companhia que estão perdendo mais do que o Ibovespa este ano.

MENOS PETROQUÍMICA, MAIS ETANOL

A estatal também reduziu investimentos nas áreas de Petroquímica, de 5,1 para US$ 3,8 bilhões, e da área de Gás e Energia de 17,8 para US$ 13,2 bilhões, Já no setor de biocombustíveis, onde estão incluídos os investimentos em expansão de produção de etanol e de biodiesel, serão aplicados US$ 4,1 bilhões em cinco anos contra US$ 3,5 bilhões previstos no plano anterior, até 2014. A empresa informou que foram retirados projetos do plano anterior no valor de US$ 10,8 bilhões e foram incluídos US$ 32,1 bilhões em novos projetos.

"Em relação aos novos projetos incluídos no Plano, 87% do valor dos investimentos é dedicado à área de E&P, sendo que boa parte representa investimentos relativos à Cessão Onerosa (US$ 12,4 bilhões), compreendendo projetos de alta geração de caixa", disse a empresa em um comunicado.

A estatal ressaltou que o atual plano não prevê emissão de ações e apenas endividamento, em uma faixa anual entre 7 e US$ 12 bilhões, dependendo do cenário mundial. A promessa no plano é de uma alavancagem média de 29 a 26 por cento, dependendo do cenário.

Do modo como foi preparado, o plano busca manter as condições necessárias para a manutenção do grau de investimento, disse a petroleira. A empresa prevê gerar de US$ 125 bilhões a US$ 148,9 bilhões de caixa próprio no período e captar até US$ 67 bilhões.

Pela primeira vez a empresa - que teve o pedido do conselho de administração para manter os investimentos próximos do nível do plano anterior - anunciou que fará desinvestimentos no valor de US$ 13,6 bilhões. O conselho rejeitou por duas vezes versões anteriores do plano, antes da aprovação desta sexta-feira, em Brasília.

PRODUÇÃO

A meta de produção de longo prazo da empresa subiu de 5,382 milhões de boed para 6,418 millhões de boed em 2020, "devido basicamente ao aumento da participação da produção esperada do pré-sal e à introdução da produção nas áreas da Cessão Onerosa", explicou a companhia.

A Petrobras prevê perfurar dez poços exploratórios na cessão onerosa, contemplados pelo programa exploratório mínimo exigido pelo contrato, e a expectativa é de que a entrada em produção do primeiro FPSO da área de Franco 1, com capacidade de produção de 150 mil boed, seja em 2015.
A meta de produção para 2015 também foi elevada, para 3,993 milhões de barris de óleo equivalente/dia. A meta de produção de petróleo este ano, no entanto, foi mantida em 2,1 milhões de bpd.

O plano traz ainda as projeções macroeconômicas da Petrobras para o período, com a taxa média de câmbio prevista em R$ 1,73 o dólar; e o preço do petróleo Brent projetado em US$ 110 para 2011 e uma faixa deUS$ 80 a US$ 95 o barril de 2012 a 2015. (Reuters)

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